O censo foi uma das atividades do Projeto "Estudo Técnico-Econômico da Pesca Artesanal no Estuário da Lagoa dos Patos", realizado a partir de convênio entre a Furg e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
Os dados apresentados, inéditos no País, representam o conhecimento aprofundado sobre a realidade da atividade nos municípios do Rio Grande, São José do Norte, Pelotas, São Lourenço do Sul, Camaquã, Arambaré, Tapes, Tavares e Mostardas e poderão subsidiar ações para a sustentabilidade da pesca artesanal.
Dentre os principais dados levantados pelo censo está o número de pescadores artesanais nos nove municípios que margeiam o estuário da Lagoa dos Patos: 3.325. Antes do censo, as informações que circulavam na Região Sul do Estado apontavam até 15 mil pescadores artesanais.
A renda obtida pelos pescadores é outro dado que chama a atenção. Para 50% dos pescadores a renda média está na faixa do salário-mínimo. Número que chega a 90% quando a safra é ruim. Para os pesquisadores, a condição sócio-econômica é resultado da redução dos estoques pesqueiros e da concorrência com pescadores ocasionais, fatores que reduzem a produtividade.
Diante da baixa renda, o censo revela a importância dos benefícios recebidos pelos pescadores, como o Bolsa Família e o seguro defeso, na manutenção dos lares. Os benefícios, porém, expõem outro problema enfrentado pela categoria: dos que se declaram pescadores, apenas para acessar os recursos repassados pelo governo.
Sobre a produtividade, o censo aponta uma diferença bastante significativa entre o declarado pelos pescadores na pesca de espécies como camarão, corvina e tainha, e o registrado pelos órgãos governamentais. No caso da tainha, os números oficiais chegam a ser quatro vezes menores do que os levantados pelo censo. Isso demonstra como são subestimados os dados oficiais.
Resta saber se este censo resultará em alguma ação por parte das entidades governamentais ou se são tomadas algumas medidas para que, no futuro, a pesca no estuário da lagoa dos Patos voltará a ser farta como nos anos anteriores.
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