A progressiva ocupação territorial do Rio Grande do Sul foi sendo efetuada através dos leitos de diferentes rios e lagoas existentes nas extensas bacias fluviais e lacustres de nosso estado.
Isto se deu basicamente porque estes cursos d’água ofereciam agilidade e segurança nos deslocamentos além de possibilitar o transporte de cargas em grandes volumes.
A chegada dos colonos portugueses a partir de 1740 e mais tarde em 1824, os alemães, mostra que a fundação dos primeiros núcleos na sua quase totalidade, acompanhou as margens das vias navegáveis.
Com o inicio da colonização do Rio Grande do Sul, a partir da segunda metade do século XVIII, iniciou-se um intenso tráfego de embarcações a vela que executavam o transporte de cargas e passageiros. Eram viagens demoradas e que muitas vezes dependiam das condições atmosféricas, como ventos fortes, soprando em direções indesejadas, obrigando as embarcações a procurarem abrigo e ficarem fundeadas por vários dias, até que as condições meteorológicas voltassem a ser favoráveis.
Os vários viajantes europeus que visitaram o Rio Grande do Sul no século XVIII deixaram relatos importantes destas viagens, Foi o caso de Auguste Saint Hilaire, Arsène Isabelle, Carl Seidler,Nicolau Dreys e Aimé Bonpland entre outros.
Na segunda metade do Século XIX e inicio do Século XX, o Rio Grande do Sul experimentou um grande impulso em seu desenvolvimento. Na Lagoa dos Patos e Mirim bem como no Guaíba e seus afluentes, surgiram várias linhas de navegação a vapor, exploradas por empresas e firmas individuais. Várias destas embarcações tinham seus cascos produzidos em estaleiros locais e as máquinas eram importadas principalmente da Alemanha ou Estados Unidos. Em outros casos, os vapores eram importados e montados aqui mesmo em estaleiros locais.Este fato levou a um incremento do número de armadores em várias cidades tais como: Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande, Tapes, Montenegro e Triunfo entre outras. Nestas importações, destacou-se a Firma Bromberg S/A que tinha sede em Porto Alegre e filiais em Pelotas e Rio Grande. Esta empresa,importava não só os vapores e as máquinas mas também vários outros tipos de ferragens próprias para utilização em embarcações.
Uma curiosidade é que nos primeiros tempos do vapor, a falta de técnicos com conhecimento naquele tipo de máquina fez com que se trouxesse da Europa e EUA, mecanicos especializados, muitos dos quais nunca mais voltaram e aqui passaram a residir e trabalhar de forma permanente.
A navegação a vapor entre Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas bem como entre Porto Alegre e Tapes foi muito importante para a economia do estado. O Porto de Tapes possuía vários trapiches pertencentes aos engenhos de arroz e que embarcavam carga própria ou de terceiros mediante o pagamento de uma tarifa.
A linha entre Tapes e Porto Alegre era operada no final do Século XIX pelo vapor “Fred Haensel. Também entre Tapes e Porto Alegre operou durante muitos anos o Vapor Montenegro da Navegação Dreher, transportando carga e passageiros.
Também é de ressaltar a atividade da Navegação Cruzeiro do Sul Ltda. com os Vapores Jenny Naval e Cruzeiro no transporte regular de cargas e passageiros entre Porto Alegre,Pelotas e Rio Grande. Durante muitos anos o Jenny Naval foi o barco oficial que transportava a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes durante a procissão fluvial em Porto Alegre. Na década de 60, com a queda do transporte hidroviário e sua substituição pelo rodoviário, o Jenny Naval e o Cruzeiro foram transformados em petroleiros.
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Fantástica matéria. Vivo a cerca de 5o anos nas regiões citadas no texto. meu pai e meu avô viajaram inúmeras vezes no Jenny Naval e no Cruzeiro. Os dois apaixonados por navegação. Meu avô Sebastião Freitas foi armador e conhecia como poucos as cartas náuticas da Lagoa dos Patos. O Jenny Naval possui diversas informações no site Maritime Connector sob o numero 5171531 - Não havia foto dele no site, enviei uma que está lá publicada.
ResponderExcluirhttp://maritime-connector.com/ships/
Luis Freitas
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